quarta-feira, 30 de agosto de 2017

A ERA VARGAS

Era Vargas é o nome que se dá ao período em que Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos, ininterruptos (de 1930 a 1945).
Essa época foi um divisor de águas na história brasileira, por causa das inúmeras alterações que Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas.
O Brasil na década de 1920
Ao longo da década de 1920, novos grupos sociais passaram a exercer influência política e econômica no país.

Ø  A sociedade moderna

Os industriais brasileiros buscavam apoio no governo para incentivar a produção nacional, além de obter empréstimos para dinamizar a produção e modernizar o maquinário. Nessa época, a indústria brasileira produzia tecidos, calçados, chapéus, biscoitos, implementos agrícolas, entre outros produtos.

Na década de 1920, as classes médias urbanas brasileiras eram formadas principalmente por comerciantes, funcionários públicos e profissionais liberais Ao alcançar maior poder aquisitivo, elas começaram a reivindicar maior participação política, colaborando com o enfraquecimento do poder oligárquico. 

Grupos de militares também estavam insatisfeitos com o poder oligárquico. Eles reivindicavam maior participação política e o reconhecimento de sua importância para a defesa da Nação. Além disso, muitos militares apoiavam a modernização e a industrialização do país, contrariando a política agroexportadora adotada pelos presidentes da República Velha. 

Os operários brasileiros se organizaram em sindicatos para melhores condições de trabalho. Eles passaram a promover greves e reivindicar melhores salários, diminuição da jornada de trabalho, férias, 13º salário, melhorias nas instalações das fábricas e regulamentação do trabalho infantil.

Como o Brasil era profundamente dependente da exportação de produtos agrícolas, particularmente do café, a “Grande Depressão” gerou difícil situação para a economia do país, acelerando a crise de poder que tirou as oligarquias cafeeiras do comando político da nação.

A sociedade tradicional

Na mesma época em que parte da sociedade urbana brasileira se modernizava, grandes áreas do interior do Brasil permaneciam organizadas com base na tradição rural.

população rural era maioria sendo submetidas ao domínio dos “coronéis”, que mantinham seu poder graças ao funcionamento da chamada “política dos governadores”. Viviam em um mundo à parte, e através do voto de cabresto, não podiam influir na vida política nacional. Não havia como esperar que viesse a surgir dos setores rurais um movimento que questionasse o poder das oligarquias dominantes. 

No Sertão, o cangaço

O cangaço manifestou-se na sociedade brasileira como uma forma de protesto diante das injustiças sociais observadas nas regiões mais retiradas do país. O nordeste perdeu seu prestigio nacional ainda durante a colônia quando a capital deslocou-se para o sudeste na cidade do Rio de Janeiro. Pouco ou nada mudou durante o Império o que gestou na população local nordestina uma grande insatisfação, principalmente diante do poderio dos grandes proprietários de terras que se apropriavam das melhores terras legando a população serem seus empregados ou manterem terras improdutivas.
Cangaceiros na década de 1930.

Os cangaceiros eram pessoas que se revoltavam contra a opressão e passavam a viver na ilegalidade, assaltando e saqueando fazendas e cidades do Sertão. Eles eram bastante apegados aos seus códigos de honra e muitos deles ajudavam os necessitados, conquistando grande prestígio popular.

Nomes como Virgulino Ferreira da Silva, o LampiãoCristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, e José Ribeiro FilhoZé Sereno, foram os principais cangaceiros dessa época. Cada um deles tinha o seu próprio bando, que atuava em regiões específicas do sertão. Os enfrentamentos principais dos cangaceiros era contra as tropas oficiais dos estados e contra as tropas de jagunços (mercenários contratados por fazendeiros).

Após a morte de Lampião, em 1938, no Sergipe, por tropas do estado, cangaceiros como Corisco e Zé Sereno houveram por bem se entregar às forças do Estado Novo varguista, em prol da absolvição dos crimes e da anistia.

O “rei do cangaço”
                               
Virgulino Ferreira da Silva, também conhecido como Lampião, é considerado o “rei do cangaço”. Ele foi um dos principais líderes dos cangaceiros e sua figura é bastante controversa. Se por um lado ele defendia os sertanejos da exploração dos “coronéis”, por outro lado realizava saques nas cidades e usava a violência, muitas vezes gerando pânico nas populações locais.

A crise do governo das oligarquias
A década de 20 assistiu a vários episódios que acabaram resultando na decadência, e finalmente na queda, do sistema oligárquico de governo.

Ø  O tenentismo e a Coluna Prestes

Jovens oficiais do Exército, os tenentes, contrariados com seus baixos salários, iniciaram um movimento que se tornou conhecido como Tenentismo. Durante o ano de 1922, aconteceram revoltas esparsas em vários estados brasileiros, que culminaram na Revolta do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.Tropas do governo também abafaram o movimento, que, todavia, ressurgiu dois anos depois, agora em São Paulo e em vários outros estados. O governo conseguiu manter a ordem, mas alguns revoltosos formaram a Coluna Paulista, que saiu da cidade de São Paulo para se encontrar com outra coluna, a do comandante Luís Carlos Prestes, do Rio Grande do Sul. Ao se reunirem, passaram a formar a Coluna Prestes (uma longa marcha pelo interior do Brasil), que atravessou vários estados, conclamando a população contra o poder das oligarquias. Apesar de perseguidos, percorreram mais de 20.000 quilômetros, até que fugiram para a Bolívia, onde se separaram. Prestes ficou conhecido como o Cavaleiro da Esperança.

Ø  A insatisfação com a política econômica oligárquica

Em 1929 aconteceu um fato que teve repercussão no mundo todo: foi o crack da Bolsa de Valores de Nova York. Como os Estados Unidos não puderam comprar a quantidade de café que costumavam e os estoques brasileiros eram muito grandes, o preço do café caiu vertiginosamente. Isso afetou os fazendeiros de café e a própria república.

A Revolução de 1930
A tomada do poder por Getúlio Vargas em 1930 marcou o fim da hegemonia política das oligarquias cafeeiras.

Ø  A formação da Aliança Liberal e a tomada do poder

Pela primeira vez, os representantes de Minas e São Paulo não conseguiram se entender e indicar um candidato ao cargo de presidente no ano de 1930. As oligarquias de outros estados, principalmente da Bahia, de Pernambuco, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul aproveitaram e fundaram a Aliança Liberal, que propunha o gaúcho Getúlio Vargas para presidente e o paraibano João Pessoa para vice. Embora Getúlio estivesse sendo apoiado por muita gente, quem ganhou foi Júlio Prestes, do PRP. A situação política estava quente e explodiu numa luta armada, quando João Pessoa foi assassinado, pouco depois das eleições. Receosos de que pudesse ocorrer uma guerra civil por todo o país, as Forças Armadas depuseram o presidente Washington Luís e entregaram o poder a Getúlio Vargas. Este foi o Golpe de 30, que pôs fim à República Velha.

O Governo Provisório
Após assumir o governo, Vargas anulou a Constituição federal. Com isso, teve início, em São Paulo, um movimento exigindo a elaboração de uma nova Constituição para o país.

Ø  Concentração de poderes e a Revolução Constitucionalista de 1932

Logo que Getúlio assumiu o governo, fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e os partido, declarou suspensa a Constituição de 1891 e concentrou em suas mãos o comando dos poderes executivo e legislativo. Nomeou interventores, escolhidos entre militares, entre os quais alguns tinham participado do movimento tenentista, que substituíram os governadores eleitos pelas oligarquias estaduais. Getúlio também proibiu que as forças policiais locais fossem maiores que as do Exército. Estava criando um novo tipo de Estado: centralizado e forte.

Getúlio criou o Ministério do Trabalho, da Indústria e do Comércio e o Ministério da Educação e da Saúde Pública e atendeu a algumas reivindicações do movimento operário.

Passado algum tempo, os partidos políticos de São Paulo, que tinham sido extintos, começaram a se reorganizar e formaram uma Frente Única, cujo objetivo era exigir a convocação de eleições para uma Assembleia Constituinte que elaboraria uma Constituição para o país.

Em São Paulo, numa manifestação de rua contra Getúlio, quatro estudantes foram mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Suas iniciais MMDC, tornaram símbolo do movimento constitucionalista.

Pouco depois, em 9 de julho de 1932, teve início a Revolução Constitucionalista. Tropas de São Paulo, apoiadas unicamente pelo estado do Mato Grosso, estavam prontas para lutar contra o governo federal, mas foram vencidas três meses depois.

Ø  A Constituição de 1934

A nova Constituição foi promulgada em julho de 1934. Seus principais pontos:
Mulheres maiores de 18 anos votando.

6  eleições feitas mediante o voto direto e secreto;
6  direito de votar para as mulheres maiores de 18 anos;
6  criação da Justiça Eleitoral;
6  nacionalização das riquezas naturais: reservas minerais e quedas d’água;
6  direitos trabalhistas, como o salário mínimo, jornada de oito horas, férias remuneradas, proibição do trabalho de menores de 14 anos e indenização por dispensa sem justa causa;
6  empresas estrangeiras no Brasil foram obrigadas a ter pelo menos dois terços de brasileiros entre seus trabalhadores;
6  eleição do primeiro presidente de forma indireta, pela Assembleia Constituinte.
Vargas foi a pessoa escolhida pela Assembleia para ser o primeiro presidente.

Integralismo e comunismo
A partir de 1935, duas forças políticas radicais influenciaram de maneira significativa o cenário ideológico nacional.

Ø  Vargas é eleito presidente pela Assembleia Constituinte

Getúlio Vargas e outras personalidades na
 instalação da Assembleia Nacional Constituinte, 1934.
Após a promulgação da Constituição de 1934, Getúlio Vargas – que até então havia governado o país por meio de decretos – foi eleito presidente do Brasil pela Assembleia Constituinte, com um mandato de quatro anos.

Os primeiros anos do governo de Vargas foram marcados pelo fortalecimento de dois grupos políticos de orientação ideológica distinta: o integralismo e o comunismo.

Ø  A Aliança Nacional Libertadora

Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi uma organização política fundada pelo Partido Comunista do Brasil em 1935.

O manifesto público da Aliança, lido na Câmara dos Deputados no dia 17 de janeiro de 1935 pelo deputado Gilberto Gabeira, representante dos trabalhadores, expressava a indignação do povo com relação à situação política e econômica do Brasil em decorrência do governo de Getúlio Vargas.

A ANL defendia a formação de um governo popular que garantisse a liberdade dos cidadãos, a proteção às pequenas e médias propriedades, a nacionalização de empresas estrangeiras, o cancelamento da dívida externa e a reforma agrária. Esse partido atraiu sindicatos e a classe média urbana, representada por militares, intelectuais, profissionais liberais e estudantes.

Ainda em 1935, o Congresso aprovou a Lei de Segurança Nacional, que defina os crimes contra a ordem política e social e oficializava ações ainda mais radicais do governo em relação aos esquerdistas. Dessa maneira, o governo decretou, em julho de 1935, a ilegalidade da Aliança Nacional Libertadora.


Ø  O Levante Comunista

Com a ilegalidade da ANL, comunistas civis e militares, inspirados pelo tenentismo, iniciaram um movimento revolucionário, tomando o poder na cidade de Natal, em 23 de novembro de 1935. Nos dias seguintes, militares aderiram ao Levante Comunista, tomando quartéis no Recife e no Rio de Janeiro.

Em poucos dias, no entanto, o movimento foi sufocado pelas tropas legalistas do Exército e seus participantes foram presos. Nos anos seguintes, Vargas utilizou o exemplo do Levante Comunista como justificativa para o aumento da perseguição a grupos políticos contrários ao seu governo.

Ø  O Plano Cohen

O Plano Cohen foi um documento revelado pelo governo brasileiro onde continha um suposto plano para a tomada do poder pelos comunistas.
No dia 30 de setembro de 1937, o general Góes Monteiro chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro, noticiou, através do programa radiofônico Hora do Brasil, a descoberta de um plano cujo objetivo era derrubar o presidente Getúlio Vargas. Segundo o general, o Plano Cohen, como passou a ser chamado, tinha sido arquitetado, em conjunto, pelo Partido Comunista Brasileiro e por organizações comunistas internacionais.
O plano, supostamente apreendido pelas Forças Armadas, anunciava uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935. A invasão comunista previa a agitação de operários e estudantes, a liberdade de presos políticos, o incêndio de casas e prédios públicos, manifestações populares que terminariam em saques e depredações, além da eliminação de autoridades civis e militares que se opusessem à tomada do poder.
O Plano Cohen foi utilizado como propaganda política por Vargas para criar um clima de insegurança no país. Desse modo, utilizando como pretexto o combate ao comunismo, Vargas conseguiu o apoio de diversos setores conservadores da sociedade brasileira, ampliando seu poder.
Somente oito anos depois, oficiais do exército revelaram que Plano Cohen era uma fraude criada por Olímpio Mourão Filho – membro da Ação Integralista Brasileira –, para fortalecer o governo de Vargas e combater o comunismo.

O Estado Novo
Em 1937, Vargas implantou um governo autoritário no Brasil, marcado pela repressão política.

Ø  O golpe de 1937

Em 1937, um ano antes do final de seu mandato, o presidente tomou medidas para continuar no poder. Pretextando acreditar em falsas denúncias feitas por integralistas de que comunistas estavam articulando um plano de tomada do poder, Vargas decretou estado de guerra. O Congresso foi fechado e as estações de rádio receberam ordens de anunciar que uma nova Constituição estava em vigor, em lugar da Carta liberal de 1934. Era uma cópia da Constituição da Polônia, então um país fascista, e, por causa disso, ficou conhecida como “a Polaca”.

Ø  A CLT

A CLT surgiu pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943, sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas, unificando toda legislação trabalhista existente no Brasil.

Seu principal objetivo é a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho, nela previstas. A CLT é o resultado de 13 anos de trabalho - desde o início do Estado Novo até 1943 - de destacados juristas, que se empenharam em criar uma legislação trabalhista que atendesse à necessidade de proteção do trabalhador, dentro de um contexto de "estado regulamentador".

A Consolidação das Leis do Trabalho, cuja sigla é CLT, regulamenta as relações trabalhistas, tanto do trabalho urbano quanto do rural. Desde sua publicação já sofreu várias alterações, visando adaptar o texto às nuances da modernidade. Apesar disso, ela continua sendo o principal instrumento para regulamentar as relações de trabalho e proteger os trabalhadores.

Seus principais assuntos são:    

6  Registro do Trabalhador/Carteira de Trabalho;
6  Férias;
6  Proteção do Trabalho da Mulher;
6  Contratos Individuais de Trabalho;
6  Organização Sindical;
6  Fiscalização;
6  Justiça do Trabalho e Processo Trabalhista.

Apesar das críticas que vem sofrendo, a CLT cumpre seu papel, especialmente na proteção dos direitos do trabalhador. Entretanto, pelos seus aspectos burocráticos e excessivamente regulamentador, carece de uma atualização, especialmente para simplificação de normas aplicáveis a pequenas e médias empresas.

Ø  O trabalhismo

Desde a Constituição de 1934 os direitos trabalhistas vinham crescendo. A Constituição das Leis do Trabalho, aprovada em 1943, foi o ápice da política trabalhista.
No trabalhismo, Getúlio aprovou uma série de leis trabalhistas que beneficiavam os trabalhadores, mas que eram divulgadas quase que como um presente do líder para o povo. Porém, apesar de serem direitos importantes, essas leis serviam de instrumento de controle da classe trabalhadora. Com esses direitos, o trabalhador recebia também um forte controle sobre sua conduta e a desmobilização dos seus mecanismos de contestação.

Ø  A economia no Estado Novo

O Estado Novo de Getúlio Vargas se destacou na história econômica do Brasil por iniciar um sistemático processo de industrialização do país, baseado na forte intervençãoeconômica do Estado na economia e na substituição de importações. A centralização do poder estatal no período permitiu que houvesse uma grande quantidade de investimento na industrialização, que seria lenta caso se baseasse apenas nos capitais privados da burguesia brasileira. Dessa forma, o Estado Novo era a única instituição capaz de proporcionar a acumulação capitalista no Brasil, necessária ao arranque industrial conseguido com a centralização da política econômica através do planejamento e coordenação nacional de sua execução.

O modelo adotado se espelhava na organização econômica dos países de orientação nazifascista e na URSS, apesar de neste caso não ter ocorrido no Brasil a abolição da propriedade privada. Era notória a admiração de altas autoridades do Estado Novo, como o próprio Vargas e Francisco Campos, pelos avanços econômicos da Alemanha e da URSS. Além do mais, a resolução dos conflitos entre as classes sociais se estruturava de modo semelhante ao corporativismo fascista italiano, com o Estado arbitrando esses conflitos através da institucionalização dos sindicatos de trabalhadores e das associações empresariais. O objetivo dessa estrutura era resolver os conflitos sociais para se alcançar uma pretensa harmonia social.

Na prática foram criados no Estado Novo alguns institutos de ramos econômicos, como o Instituto do Café, o Instituto do Açúcar e do Álcool, entre outros, além de órgãos de coordenação como a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (1937), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1938), o Conselho Nacional do Petróleo (1938), a Comissão de Planejamento Econômico (1944) etc., sistematizando com essas divisões a execução e planejamento da política econômica.

Ø CURIOSIDADES

6  O governo de Getúlio entregou a militante política judia Olga Benário ao regime nazista. Foi também responsável pela perseguição de diversos intelectuais, entre eles Monteiro Lobato e Graciliano Ramos.

6  O revólver usado por Getúlio para se suicidar foi um Colt calibre 32.  A arma continua em poder da família, passando de geração em geração.

6  As últimas palavras de Getúlio foram, em carta suicida: “…e saio da vida para entrar na história”.
6  De 1934 a 1937, Getúlio comandou o país como presidente da república, do Governo Constitucional, tendo sido eleito presidente da república pela Assembleia Nacional Constituinte de 1934;


Ø  Para melhor entendimento do assunto recomendo o seguinte vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=JRZ2AYFYLaU&feature=youtu.be


BIBLIOGRAFIA:                  

LIVRO DIDÁTICO        “VONTADE DE SABER – 9º ANO”      FNDE        3ª EDIÇÃO     

LIVRO “SUPER ESTUDANTE SISTEMA DE ESTUDO E PESQUISA” D’ LIVROS EDITORA





  








Por: Gabrielly Zambe – 9ºAM01
Imagens: Wayni Bartoli – 9ºAM01
Vídeo: Arthur Bartoli – 9ºAM01







INDEPENDENCIAS NA ÁFRICA











Da mesma forma que aconteceu com a Ásia e a América do Sul e Central, a África também foi uma terra colonizada pelos europeus, tornando-se também uma colônia de exploração, que tinha como objetivo enriquecer ainda mais os seus colonizadores. No ano de 1885, quando aconteceu a Conferência de Berlim, na Alemanha, os países participantes: Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha, fizeram as divisões do continente africano, para que pudessem assim fazer as devidas explorações.
Quando aconteceu a segunda Revolução industrial, na metade do século XIX, havia uma grande necessidade de mercado, além de que as colônias americanas haviam conseguido suas independências. Isso forçou a Europa a voltar novamente às colônias da África e da Ásia e impor o seu sistema de neocolonialismo.
As vias da descolonização
A descolonização afro-asiática não foi um processo homogêneo, ocorrendo de duas maneiras: a pacífica e a violenta.
No caso da via pacífica, a independência da colônia era realizada progressivamente pela metrópole, com a concessão da autonomia político-administrativa, mantendo-se o controle econômico do novo país, criando, dessa forma, um novo tipo de dependência.
As independências que ocorreram pela via da violência resultaram da intransigência das metrópoles em conceder a autonomia às colônias. Surgiam as lutas de emancipação, geralmente vinculadas ao socialismo, que levaram a cabo as independências.

A descolonização da África

No início do século XX, 90,4% do território africano estava sob domínio do colonialismo europeu. Apenas três Estados eram independentes: África do Sul, Libéria e Etiópia.
A descolonização da África ocorreu de forma veloz. Entre 1957 e 1962, 29 países tornaram-se independentes de suas metrópoles europeias.

A independência do Egito

Egito estava sob domínio francês até 1881, quando a Inglaterra assumiu o controle do território. Em 1914, tornou-se um protetorado inglês. (Protetorados eram áreas de dominação onde os colonos gozavam de autonomia de decisões; a metrópole apenas supervisionava por meio de um representante.)
O fim do domínio colonial inglês cessou em 1936. Porém, a Inglaterra não abriu mão do controle que exercia desde 1875 sobre o Canal de Suez.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Egito foi palco de manobras militares alemãs e italianas, comandadas pelo general Rommel (Afrikakorps). Os ingleses, em 1942, expulsaram as tropas do Eixo e impuseram o rei Faruk no poder.
Em 1952, o general Naguib, com o apoio do Exército, depôs o rei e proclamou a República, assumindo o poder.
Em 1954, o coronel Gamal Abdel Nasser substituiu o general Naguib, mantendo-se no poder até 1970.

A independência da Argélia

Argélia esteve subordinada ao colonialismo francês desde 1830. A partir da década de 1880, iniciou-se um processo de imigração francesa para o território argelino, ocupando as melhores terras, que passaram a ser destinadas à vinicultura.
Os colonos franceses na Argélia, denominados pieds noirs (pés pretos), tinham condições de vida superiores às dos argelinos e o grau de discriminação era muito grande.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a invasão da França pelos alemães provocou a divisão do território francês e a formação de dois governos: Paris ficou diretamente controlada pelos nazistas, e em Vicky estabeleceu-se o governo colaboracionista do marechal Pétain. O general Charles de Gaulle comandava a França livre. A Argélia passou a responder ao governo de Pétain.
Em 1945 ocorreram as primeiras manifestações pela independência — em razão da crise econômica do pós-Segunda Guerra na França, que nas áreas coloniais foi muito mais grave. Essas manifestações foram lideradas por muçulmanos, grupo religioso predominante na Argélia, mas foram prontamente sufocadas pelos franceses.
A derrota francesa na Guerra da Indochina, em 1954, evidenciava o enfraquecimento do seu poder. Nesse mesmo ano, a população muçulmana da Argélia, movida pelo nacionalismo islâmico, voltou a colocar se contra a França, através de manifestações que foram coibidas, mas que resultaram na criação da Frente Nacional de Libertação.
A Frente Nacional de Libertação passou a se organizar militarmente para derrotar o domínio francês.
No próprio ano de 1954 eclodia a guerra de independência. Em 1957, ocorreu a Batalha de Argel, na qual os líderes da Frente foram capturados e levados presos para Paris, onde permaneceram até 1962.
A violência praticada pelos franceses com a população civil na Batalha de Argel só fez aumentar ainda mais os descontentamentos dos argelinos.
Em 1958 é proclamada a IV República francesa. O general De Gaulle sobe ao poder e recebe plenos poderes para negociar a paz com o Governo Provisório da Argélia, estabelecido no Cairo (Egito).
As negociações de paz se estendem até 1962, quando foi assinado o Acordo de Evian, segundo o qual a França reconhecia a independência da Argélia, pondo fim à guerra que já durava oito anos.

A independência do Congo (antigo Zaire)

Em 1867, a Bélgica funda a Sociedade Internacional para a Exploração e Civilização da África, iniciando a ocupação do Congo, que se tornou possessão belga a partir de 1885, e colônia em 1908.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, os movimentos de emancipação se generalizavam na África e, em 1960, na Conferência de Bruxelas, a Bélgica concede a independência do Congo, que passa a constituir a República do Congo.
O governo passou a ser exercido pelo presidente Joseph Kasavubu e pelo primeiro-ministro Patrice Lumumba.
Em seguida à independência do país, na província de Catanga, ocorre um movimento separatista liderado pelo governador Moise Tchombe, que, apesar de proclamar a independência da província, não obteve o reconhecimento internacional. Desencadeou-se, então, uma guerra civil. Catanga recebia apoio de grupos internacionais interessados nos minérios da região e de tropas mercenárias belgas.
Em setembro de 1960, o presidente Kasavubu demite o primeiro-ministro Patrice Lumumba, e Joseph Ileo assume o Gabinete. Lumumba não aceitou sua demissão e o Congo passou a ter dois governos. Então, o coronel Mobutu dissolveu os Gabinetes. Kasavubu foi preservado. Lumumba foi aprisionado e levado para Catanga, onde foi assassinado, em 1961. Sua morte provocou violentas manifestações dentro e fora do Congo. Internamente, a crise política se alastrava, o Congo se fragmentava, e as lutas dividiam a população.
Em 1962, as forças da ONU intervieram no Congo para impedir a secessão de Catanga. Moise Tchombe foi para o exílio.
Assumia o governo Cyrille Adula em meio aos movimentos liderados pelos partidários de Lumumba (morto em 1961), que se tornaria o símbolo da luta congolesa.
Os partidários de Lumumba dominavam boa parte do país, em 1964, quando Adula convida Moise Tchombe (recém-chegado do exílio) para auxiliá-los e vencer os rebeldes. Adula renuncia e Tchombe assume o cargo de primeiro-ministro.
A guerrilha aumentava e, então, os EUA intensificaram a ajuda militar — que já vinha concedendo — ao governo de Tchombe.
Os partidários de Lumumba, em resposta, transformaram 60 norte-americanos e 800 belgas em reféns da guerrilha, o levou a Bélgica a preparar uma ação de resgate, provocando o fuzilamento de 60 reféns pelos guerrilheiros; os demais foram libertados.
O presidente Kasavubu, em 1965, demitiu o primeiro-ministro Tchombe e logo em seguida o general Mobutu dá um golpe e assume a presidência do país, que a partir de 1971, passa a se denominar República do Zaire.

O fim do Império Colonial Português

Portugal foi o pioneiro nas Grandes Navegações dos séculos XV, XVI e XVII. Em 1415, os portugueses iniciavam a conquista de novos mundos, com a tomada de Ceuta, no Norte da África.
A crise na qual mergulhou o Império Português, no século XVII, levou à perda de grande parte de suas colônias para os espanhóis, holandeses e ingleses.
Durante o neocolonialismo, na segunda metade do século XIX, as possessões portuguesas ficaram reduzidas a Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e aos arquipélagos de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.

Angola

Em 1956, foi fundado o Movimento Popular pela Libertação da AngolaMPLA, que em 1961 desencadeou as lutas pela independência, sob a liderança do poeta Agostinho Neto.
Outros dois movimentos surgiram dentro do processo de lutas de independência: a União Nacional para a Independência Total de Angola, Unita, e a Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA.
Em 1974, foi assinado o Acordo de Alvor, segundo o qual os portugueses reconheceriam a independência de Angola em 1975, devendo ser formado um governo de transição composto pelo MPLA, Unita e FNLA.
Os três grupos iniciaram entre si uma série de divergências que culminaram com uma guerra civil e a invasão do país por tropas do Zaire e da África do Sul (apoiadas pela FNLA e Unita, respectivamente), que recebiam ajuda militar norte-americana.
O MPLA, liderado por Agostinho Neto, solicitou então ajuda de Cuba e, em 1976, derrotou as forças da Unita e da FNLA.

Moçambique

Em 1962, foi criada a Frente de Libertação de Moçambique, Frelimo, por Eduardo Mondlane, que iniciou as lutas pela independência.
Samora Machel, em 1969, assumiu a direção do movimento, que passou a disputar, através da guerrilha, o controle do território.
Em 1975, Portugal reconheceu a independência da República Popular de Moçambique.

Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe

Amilcar Cabral, em 1956, fundou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, que desencadeia a luta pela independência a partir de 1961.
Em 1973, mais da metade do território da Guiné estava sob domínio do PAIGC. Nesse ano, Amilcar Cabral é assassinado e assume Luís Cabral a presidência da recém- proclamada República Democrática Antiimperialista e Anticolonialista da Guiné.
Em 1974, o governo português reconhece a independência da Guiné.
Em 1975, Cabo Verde tem sua independência reconhecida por Portugal.
São Tomé e Príncipe, no mesmo ano que Cabo Verde, tem sua independência reconhecida por Portugal.
Em 25 de abril de 1974, ocorreu a Revolução dos Cravos em Portugal, marcando a ascensão de um regime democrático que substituiu o governo fascista do presidente Américo Tomás e do primeiro-ministro Marcelo Caetano, já enfraquecido com a morte de Oliveira Salazar, que governou Portugal entre 1932 e 1970, quando morreu.
O novo governo empossado em 1974 reconhecia no ano seguinte as independências das colônias, o que significou a desintegração do Império Colonial Português.

Conseqüências da descolonização afro-asiática

A principal conseqüência do processo de descolonização afro-asiática foi a criação de um novo bloco de países que juntamente com a América Latina passaram a compor o Terceiro Mundo.
Essa denominação deve-se ao fato de que os países originados a partir desses processos de independência acabaram por manter vínculos de dependência econômica com os países capitalistas desenvolvidos (Primeiro Mundo) ou com países socialistas desenvolvidos (Segundo Mundo).

CURIOSIDADES
à A 26 de julho de 1847 a Libéria declarou a sua independência, tornando-se o primeiro país da África a se tornar independente.
à A descolonização afro-asiática não foi um processo homogêneo, ocorrendo de duas maneiras: a pacífica e a violenta.
à No início do século XX, 90,4% do território africano estava sob domínio do colonialismo europeu. Apenas três Estados eram independentes: África do Sul, Libéria e Etiópia.
à Em 1956, foi fundado o Movimento Popular pela Libertação da AngolaMPLA, que em 1961 desencadeou as lutas pela independência, sob a liderança do poeta Agostinho Neto.

 BIBLIOGRAFIAS: 
http://www.coladaweb.com/historia/descolonizacao-da-asia-e-da-africa


 https://www.estudopratico.com.br/descolonizacao-da-africa/

VÍDEOS: https://youtu.be/UXcFUrY9u24
                
                https://youtu.be/14otdtkvqWc

 Texto por: Nathália Lourenço Ferreira - 9° M01
 Imagens: Wayni Bartoli - 9° M01
 Vídeos: Arthur Bartoli - 9° M01