Da mesma forma que aconteceu com a Ásia e a América do Sul e Central, a
África também foi uma terra colonizada pelos europeus, tornando-se também uma
colônia de exploração, que tinha como objetivo enriquecer ainda mais os seus
colonizadores. No ano de 1885, quando aconteceu a Conferência de Berlim,
na Alemanha, os países participantes: Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha,
Itália, Portugal e Espanha, fizeram as divisões do continente africano,
para que pudessem assim fazer as devidas explorações.
Quando aconteceu a segunda Revolução
industrial, na metade do século XIX, havia uma grande necessidade de mercado,
além de que as colônias americanas haviam conseguido suas independências. Isso
forçou a Europa a voltar novamente às colônias da África e
da Ásia e impor o seu sistema de neocolonialismo.
As vias da descolonização
A descolonização afro-asiática não foi
um processo homogêneo, ocorrendo de duas maneiras: a pacífica e a violenta.
No caso da via pacífica, a independência da colônia era realizada
progressivamente pela metrópole, com a concessão da autonomia
político-administrativa, mantendo-se o controle econômico do novo país,
criando, dessa forma, um novo tipo de dependência.
As independências que ocorreram pela
via da violência resultaram da intransigência das metrópoles em conceder a
autonomia às colônias. Surgiam as lutas de emancipação, geralmente vinculadas
ao socialismo,
que levaram a cabo as independências.
A
descolonização da África
No
início do século XX, 90,4% do território africano estava sob domínio do
colonialismo europeu. Apenas três Estados eram independentes: África do Sul, Libéria
e Etiópia.
A descolonização da África ocorreu de forma veloz. Entre 1957 e 1962, 29
países tornaram-se independentes de suas metrópoles europeias.
A
independência do Egito
O Egito estava sob domínio francês até 1881, quando a
Inglaterra assumiu o controle do território. Em 1914, tornou-se um protetorado
inglês. (Protetorados eram áreas de dominação onde os colonos gozavam de
autonomia de decisões; a metrópole apenas supervisionava por meio de um
representante.)
O fim do domínio colonial inglês cessou em 1936. Porém, a Inglaterra não
abriu mão do controle que exercia desde 1875 sobre o Canal de Suez.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Egito foi palco de manobras
militares alemãs e italianas, comandadas pelo general Rommel (Afrikakorps). Os
ingleses, em 1942, expulsaram as tropas do Eixo e impuseram o rei Faruk no
poder.
Em 1952, o general Naguib, com o apoio do
Exército, depôs o rei e proclamou a República, assumindo o poder.
Em 1954, o coronel Gamal Abdel Nasser
substituiu o general Naguib, mantendo-se no poder até 1970.
A
independência da Argélia
A Argélia esteve subordinada ao colonialismo francês desde
1830. A partir da década de 1880, iniciou-se um processo de imigração francesa
para o território argelino, ocupando as melhores terras, que passaram a ser
destinadas à vinicultura.
Os colonos franceses na Argélia, denominados pieds noirs (pés pretos),
tinham condições de vida superiores às dos argelinos e o grau de discriminação
era muito grande.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a invasão da França pelos alemães
provocou a divisão do território francês e a formação de dois governos: Paris
ficou diretamente controlada pelos nazistas, e em Vicky estabeleceu-se o
governo colaboracionista do marechal Pétain. O general Charles de Gaulle
comandava a França livre. A Argélia passou a responder ao governo de Pétain.
Em 1945 ocorreram as primeiras manifestações pela independência — em
razão da crise econômica do pós-Segunda Guerra na França, que nas áreas
coloniais foi muito mais grave. Essas manifestações foram lideradas por
muçulmanos, grupo religioso predominante na Argélia, mas foram prontamente
sufocadas pelos franceses.
A derrota francesa na Guerra da Indochina, em 1954, evidenciava o
enfraquecimento do seu poder. Nesse mesmo ano, a população muçulmana da
Argélia, movida pelo nacionalismo islâmico, voltou a colocar se contra a
França, através de manifestações que foram coibidas, mas que resultaram na
criação da Frente Nacional de Libertação.
A Frente Nacional de Libertação passou a se organizar militarmente para
derrotar o domínio francês.
No próprio ano de 1954 eclodia a guerra de independência. Em 1957,
ocorreu a Batalha de Argel, na qual os líderes da Frente foram
capturados e levados presos para Paris, onde permaneceram até 1962.
A violência praticada pelos franceses com a população civil na Batalha
de Argel só fez aumentar ainda mais os descontentamentos dos argelinos.
Em 1958 é proclamada a IV República francesa. O general De Gaulle sobe
ao poder e recebe plenos poderes para negociar a paz com o Governo Provisório
da Argélia, estabelecido no Cairo (Egito).
As negociações de paz se estendem até 1962, quando foi assinado o Acordo de Evian, segundo
o qual a França reconhecia a independência da Argélia, pondo fim à guerra que
já durava oito anos.
A
independência do Congo (antigo Zaire)
Em 1867, a Bélgica funda a Sociedade Internacional para a Exploração e
Civilização da África, iniciando a ocupação do Congo, que se tornou possessão
belga a partir de 1885, e colônia em 1908.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, os movimentos de emancipação se
generalizavam na África e, em 1960, na Conferência de Bruxelas, a
Bélgica concede a independência do Congo, que passa a constituir a República do
Congo.
O governo passou a ser exercido pelo presidente Joseph Kasavubu e pelo
primeiro-ministro Patrice Lumumba.
Em seguida à independência do país, na província de Catanga, ocorre um
movimento separatista liderado pelo governador Moise Tchombe, que, apesar de
proclamar a independência da província, não obteve o reconhecimento
internacional. Desencadeou-se, então, uma guerra civil. Catanga recebia apoio
de grupos internacionais interessados nos minérios da região e de tropas
mercenárias belgas.
Em setembro de 1960, o presidente Kasavubu demite o primeiro-ministro
Patrice Lumumba, e Joseph Ileo assume o Gabinete. Lumumba não aceitou sua
demissão e o Congo passou a ter dois governos. Então, o coronel Mobutu
dissolveu os Gabinetes. Kasavubu foi preservado. Lumumba foi aprisionado e
levado para Catanga, onde foi assassinado, em 1961. Sua morte provocou
violentas manifestações dentro e fora do Congo. Internamente, a crise política
se alastrava, o Congo se fragmentava, e as lutas dividiam a população.
Em 1962, as forças da ONU intervieram no Congo para impedir a secessão de Catanga. Moise Tchombe foi para o exílio.
Em 1962, as forças da ONU intervieram no Congo para impedir a secessão de Catanga. Moise Tchombe foi para o exílio.
Assumia o governo Cyrille Adula em meio aos movimentos liderados pelos
partidários de Lumumba (morto em 1961), que se tornaria o símbolo da luta
congolesa.
Os partidários de Lumumba dominavam boa parte do país, em 1964, quando
Adula convida Moise Tchombe (recém-chegado do exílio) para auxiliá-los e vencer
os rebeldes. Adula renuncia e Tchombe assume o cargo de primeiro-ministro.
A guerrilha aumentava e, então, os EUA intensificaram a ajuda militar —
que já vinha concedendo — ao governo de Tchombe.
Os partidários de Lumumba, em resposta, transformaram 60
norte-americanos e 800 belgas em reféns da guerrilha, o levou a Bélgica a
preparar uma ação de resgate, provocando o fuzilamento de 60 reféns pelos
guerrilheiros; os demais foram libertados.
O presidente Kasavubu, em 1965, demitiu o primeiro-ministro Tchombe e
logo em seguida o general Mobutu dá um golpe e assume a presidência do país,
que a partir de 1971, passa a se denominar República do Zaire.
O fim do Império Colonial Português
Portugal foi o pioneiro nas Grandes Navegações dos
séculos XV, XVI e XVII. Em 1415, os portugueses iniciavam a conquista de novos
mundos, com a tomada de Ceuta, no Norte da África.
A crise na qual mergulhou o Império Português, no século XVII, levou à
perda de grande parte de suas colônias para os espanhóis, holandeses e
ingleses.
Durante o neocolonialismo, na segunda metade do século XIX, as
possessões portuguesas ficaram reduzidas a Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e
aos arquipélagos de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
Angola
Em 1956, foi fundado o Movimento Popular pela Libertação da Angola, MPLA, que em 1961 desencadeou as lutas pela independência,
sob a liderança do poeta Agostinho Neto.
Outros dois movimentos surgiram dentro do processo de lutas de
independência: a União Nacional para a Independência Total de Angola, Unita, e a Frente
Nacional de Libertação de Angola, FNLA.
Em 1974, foi assinado o Acordo de Alvor, segundo o qual os portugueses
reconheceriam a independência de Angola em 1975, devendo ser formado um governo
de transição composto pelo MPLA, Unita e FNLA.
Os três grupos iniciaram entre si uma série de divergências que
culminaram com uma guerra civil e a invasão do país por tropas do Zaire e da
África do Sul (apoiadas pela FNLA e Unita, respectivamente), que recebiam ajuda
militar norte-americana.
O MPLA, liderado por Agostinho Neto, solicitou então ajuda de Cuba e, em
1976, derrotou as forças da Unita e da FNLA.
Moçambique
Em 1962, foi criada a Frente de Libertação de Moçambique, Frelimo, por
Eduardo Mondlane, que iniciou as lutas pela independência.
Samora Machel, em 1969, assumiu a direção do movimento, que passou a
disputar, através da guerrilha, o controle do território.
Em 1975, Portugal reconheceu a independência da República Popular de
Moçambique.
Guiné-Bissau,
Cabo Verde e São Tomé e Príncipe
Amilcar Cabral, em 1956, fundou o Partido Africano para a Independência
da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, que desencadeia a luta pela independência a
partir de 1961.
Em 1973, mais da metade do território da Guiné estava sob domínio do
PAIGC. Nesse ano, Amilcar Cabral é assassinado e assume Luís Cabral a
presidência da recém- proclamada República Democrática Antiimperialista e
Anticolonialista da Guiné.
Em 1974, o governo português reconhece a independência da Guiné.
Em 1975, Cabo Verde tem sua independência reconhecida por Portugal.
São Tomé e Príncipe, no mesmo ano que Cabo Verde, tem sua independência
reconhecida por Portugal.
Em 25 de abril de 1974, ocorreu a Revolução dos Cravos em Portugal, marcando a ascensão de
um regime democrático que substituiu o governo fascista do presidente Américo
Tomás e do primeiro-ministro Marcelo Caetano, já enfraquecido com a morte de
Oliveira Salazar, que governou Portugal entre 1932 e 1970, quando morreu.
O novo governo empossado em 1974 reconhecia no ano seguinte as
independências das colônias, o que significou a desintegração do Império
Colonial Português.
Conseqüências da descolonização afro-asiática
A principal conseqüência do processo de descolonização afro-asiática foi
a criação de um novo bloco de países que juntamente com a América Latina
passaram a compor o Terceiro Mundo.
Essa denominação deve-se ao fato de que os países originados a partir
desses processos de independência acabaram por manter vínculos de dependência
econômica com os países capitalistas desenvolvidos (Primeiro Mundo) ou com
países socialistas desenvolvidos (Segundo Mundo).
CURIOSIDADES
à A 26 de
julho de 1847 a Libéria declarou a sua independência, tornando-se o primeiro
país da África a se
tornar independente.
à
A descolonização afro-asiática não foi um processo homogêneo,
ocorrendo de duas maneiras: a pacífica e a violenta.
à
No início do século XX, 90,4% do território africano estava
sob domínio do colonialismo europeu. Apenas três Estados eram independentes:
África do Sul, Libéria e Etiópia.
à Em 1956, foi fundado o Movimento Popular pela Libertação da Angola, MPLA, que em 1961
desencadeou as lutas pela independência, sob a liderança do poeta Agostinho
Neto.
BIBLIOGRAFIAS:
http://www.coladaweb.com/historia/descolonizacao-da-asia-e-da-africa
https://www.estudopratico.com.br/descolonizacao-da-africa/
VÍDEOS: https://youtu.be/UXcFUrY9u24
https://youtu.be/14otdtkvqWc
Texto por: Nathália Lourenço Ferreira - 9° M01
Imagens: Wayni Bartoli - 9° M01
Vídeos: Arthur Bartoli - 9° M01
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